Carta Verde 08 - Mãe-Terra
Olá, wabibitos, como estão?
Espero que todos bem na medida do possível.
Faz um tempo que não escrevo por aqui. Sempre comuniquei que essa newsletter era escrita apenas quando eu tinha vontade de dizer alguma coisa. E é isso mesmo, há 7 meses não escrevo uma carta-verde.
Mas o dia das mães sempre foi um momento especial no ateliê, porque a conexão com o verde em família é muito forte. Já me contaram muitas vezes sobre alguma memória afetiva em relação à uma planta específica. Lembranças de criança. Jabuticaba, orquídeas, samambaias na varanda da casa de mães e avós.
Esta carta deveria ter sido enviada antes do Dia das Mães - diria meu setor de marketing - para alavancar as vendas. Mas como sou meu próprio setor de marketing e passei uma semana com dor, a carta chega para você no tempo possível. Sinto que o tempo tomou outra proporção dentro dessa atual e dura realidade que nos encontramos. Se por um lado ele parece o mesmo, curto e veloz, por outro, a sensação é de um tempo mais denso. Impossível não sentir o peso dos dias.
Ao longo dos meses muitos foram os pensamentos e acontecimentos. Para todos. Nessa carta, reuno alguns dos meus:
A mãe-natureza
Ainda acredito que, de certa forma, estamos ouvindo um “pedido” da mãe-natureza. Nos avisando sobre alguma coisa, de que algo não está dando certo, que esse caminho é estranho e que talvez a gente devesse refletir sobre isso. Nos avisando para, mais do que desacelerar, reinventarmos uma forma de viver que não (nos) agrida tanto. Difíceis e complexas mudanças. Não é fácil sair do looping e não à toa, presa na espiral da produtividade e sofrendo efeitos da vida pandêmica, passei os últimos dias com dores. Mas talvez possamos plantar sementes aos poucos para algum dia colher algo novo.
O ateliê é uma expressão criativa de pensamentos. Então, com a ideia de regeneração em mente, resolvi homenagear a mãe de todas as mães neste mês: a MÃE-TERRA. Com uma coleção chamada Floresta e com uma grande seleção de plantas nativas que nos lembram da recuperação dos nossos próprios biomas.
Muitos projetos, leituras e conteúdos me estimularam nessas reflexões. Hoje compartilho apenas alguns exemplos. A vida é útil? A vida não é útil, nos alerta Ailton Krenak em seu livro. Lélia e Sebastião Salgado desde 1998 promovem a restauração de florestas e educação ambiental através do Instituto Terra. O Emicida no seu álbum AmarElo de 2019 me parece premonitório porque sua poesia musical diz muito sobre hoje. Ele e Gil cantando juntos traz um sopro de alegria e seu documentário ”AmarElo - É Tudo Pra Ontem" como ele mesmo diz: é um experimento social pra germinar o amor.
Nossas florestas
Desde o início do ateliê valorizar a produção local é minha escolha. Portanto é natural a busca em enaltecer nossas espécies nativas da flora brasileira. Hoje uma grande parte das nossas decisões paisagísticas se baseiam nesse pensamento. Olhar para natureza, trabalhar com ela e respeitá-la o máximo possível. Assim me distancio de um paisagismo tradicionalmente feito com plantas exóticas, nem sempre bem adaptáveis por serem forçadamente cultivadas fora do seu local natural.
Em grandes projetos de paisagismo urbano, a escolha pelas nativas beneficia a biodiversidade. Não importa a escala para quem tem a conexão com a natureza como objetivo. Queremos germinar ideias em solo fértil. Então para incentivar esse debate, nossas próximas novidades da loja online serão mais espécies nativas em vasos para dentro de casa.
Por dentro da criação
Há alguns meses por conta da pandemia minha mãe tem me ajudado no ateliê nos cuidados de jardinagem, com nosso estoque de plantas e em algumas tarefas artesanais. Enquanto outra parte da equipe se dedica a projetos e tarefas online em casa.
No dia-a-dia de produção, um dia minha mãe me disse que queria pintar uma coleção de vasos verdes. Midori é verde em japonês e Matsukaze é o som do vento que passa entre as árvores. Quando criança passeávamos muito em um parque paulistano que hoje sei que foi projetado com espécies nativas do Brasil. Meu avô era japonês. Pintar sempre foi uma paixão. Floresta sempre foi uma inspiração. Então maio foi o momento para colocar em prática o desejo dos vasos verdes. E assim, criamos a coleção Floresta.
Descobri então um contentamento em ter minha mãe ao meu lado praticamente todo dia, oferecendo ajuda para minhas criações pulsarem e irem pro mundo. Não que antes ela não ajudasse com muito apoio, mas agora a ajuda é na prática. Então, nesse Dia das Mães, também me sinto com vontade de homenagear minha mãe através do ateliê. Minha mãe, muitas mães, todas as mães que seguem sempre nos apoiando com toda forma de amor possível.
Mais do que falar do Dia das Mães, essa carta-verde veio para homenagear a natureza. Veio para saber como vocês estão nessa loucura. Veio também para desejar saúde, serenidade e sabedoria para enfrentarmos esse momento que já passa de um ano. Que a gente consiga manter o encantamento pela vida e que a gente nunca esqueça de agradecer pelos ensinamentos de todas as nossas mães-natureza.
Se você quiser, me responde contando sua experiência com o ateliê e como se sente com toda nossa troca? Meu jardim é cultivado junto com vocês, é fruto dos nossos encontros. Obrigada por isso.
Até breve!
Com carinho,
Laura.